Um artigo publicado por Marisa Lajolo no Observatório da Imprensa, a respeito do 5º Congresso Internacional da American Portuguese Studies Association, realizado na University of Minnesota, despertou um polêmico assunto: as diferenças da lingua portuguesa, falada em diversas pertes do globo.
Ao comentar o artigo, a estudante gaúcha Renata Tedeschi desafiou:
"Acho que já passou da hora de nós brasileiros fazermos a independência política da nossa língua. (...) devemos lutar contra essa hostilidade lingüística com rigor, tirando o português do nome português brasileiro e ficando só com o brasileiro."
Sinceramente, não tenho uma opinião formada sobre o assunto, mas parece-me tema para boas dicussões.
(Imagem: ziraldo.com)
5 comentários:
E as diferentes línguas dentro do próprio "brasileiro"?
Se for assim, aproveitando a "bondade" do ês - que quase dá para tudo - haverá que falar também de Angolês (para os angolanos), Madeirês (para os madeirenses), Crioulês (para os cabo-verdianos, quando não se expressam em Crioulo), e por aí fora. Eu não creio que a questão se põe. A riqueza de uma língua está na sua variedade, quer a nível geográfico, quer em relação às mutações que ela sofre com o decorrer do tempo.
Corroboro das opiniões anteriores. Se for legítimo desvincular o português falado no Brasil da Língua Portuguesa, será legítimo também a qualquer região do Brasil, reivindicar a sua língua, desvinculando-se daquilo que possa vir a ser chamado de Língua Brasileira. E, no meu ponto de vista, não faz grande sentido.
Será que todos os países têm que mudar a designação da sua língua como uma espécie de valorização do patromónio linguístico nacional? O francês falado no Luxemburgo deixaria de ser "français" e passaria a ser "luxembourgais", para não falar do Canadá, do Senegal, do Congo, da Bélgica ou da Suiça. Os Estados Unidos da América também não falariam inglês, mas sim uma espécie de Língua Norte-americana. Esta é a minha leitura.
Silvino
Realmente Silvino, visto desse ângulo, não faria mesmo sentido. Mesmo porque as "línguas portuguesas" não são assim tão diferentes ao ponto de serem designadas de formas diferentes. Mas acredito que o debate sempre enrriquece, pois coloca em destaque aspectos linguísticos, muito importantes para a criação de um imaginário antropológico. Se falamos o português é porque ele está intrínseco em nossa história e criar por decreto uma "língua brasileira" seria no mínimo negar a própria origem e ignorar uma importantíssima influência de um país que se orgulha por ser um "caldeirão cultural".
Nao concordo com os demais.
1) Ha diferencas dentro do Brasil, e claro. Mas ha muitos pontos comuns a todas as regioes do Brasil que ao mesmo tempo diferem de Portugal.
2) Nao deviamos nos importar com o que a Angola e Cabo Verde fazem com suas linguas.
2) O Galego so e uma lingua a parte porque eles querem que assim seja.
3) Os portugueses acham que nos "estragamos" a lingua "deles". Uma vez, um estudante brasileiro comentou sobre o sotaque de Saramago, ele respondeu: "sotaque? VOCE tem sotaque, eu tenho LINGUA." Alias, esta foi a mesma resposta que Rui Barbosa ouviu, durante sua visita a Portugal.
Se declararmos a
lingua "brasileiro", finalmente teremos uma LINGUA tambem.
4) Se nao quisermos falar "brasileiro", deveriamos pelo menos oficializar a nossa gramatica como uma alternativa "correta". Assim nossas criancas nao terao mais que passar pela tortura de aprender a escrever utilizando uma lingua estrangeira antes mesmo de explorar a propria lingua do seu pais.
P.S. Desculpem a falta de acentos tenho problemas no meu computador.
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