sexta-feira, setembro 01, 2006

PARIS: EX-PARAÍSO DESCORTINADO

Paris continua linda, mas desta vez observei algo diferente no ar. Pude constatar que as coisas mudaram depois dos conflitos étnicos que marcaram a capital francesa este ano. As pessoas pareciam tristes, só que mais tolerantes.

A imensa mão de obra parisiense é formada por estrangeiros, sobretudo africanos das ex-colônias francesas e seus descendentes. Já na chegada, no aeroporto, é possível notar que são os negros que fazem os serviços mais pesados. Desde a faxina dos banheiros ao transporte de bagagens. Uma força de trabalho que se estende por toda a cidade, nos restaurantes, portarias de prédios, bares e limpeza de ruas.

Nos metrôs é mais fácil perceber que o país está miscigenado e precisa urgentemente aprender a conviver com a diferença. Obviamente nas estações perto das regiões turísticas há pessoas de todo mundo, mas nos bairros afastados vê-se uma imensa quantidade de latinos, portugueses, chineses e muçulmanos. Mesmo nos pequenos comércios distantes do centro, o frânces que se fala tem um forte sotaque.

Uma grande amiga francesa resumiu o que acontece hoje naquele país: "Não é a França maravilhosa que imaginam os estrangeiros do mundo todo. Aqui a vida é muito difícil para todo mundo, franceses e não franceses. Mas há pouco tempo fiquei com o pensamento mais positivo e percebi que as pessoas estão convivendo, estão mais juntas. Fico à espera de um progresso. Percebi que demos um passo."

Paris foi descortinada e sofre com isso. Às margens do Sena, com vista para a Torre Eiffel, dezenas de mendigos vivem em barracas ou literalmente debaixo da ponte (fotos). Cenas que até pouco tempo não faziam parte do imaginário francês, mas que existem. São vozes de um mundo novo no velho mundo. Paris já não é mais uma festa.

2 comentários:

The unknown human who sold the world disse...

Será o início de uma revolução pessoal?

Fred Neumann disse...

Vou guardando estas análises para o dia em que eu conhecer Paris.
Vim descobrir seu blog depois de visitar o da Hanny, The Human who sold the world, but writes damn well!

Um abraço,

Fred Neumann