Estou na fase final da minha dissertação de mestrado, onde estudo o jornalismo internacional da Globo. Concluí que a tecnologia não é um fator que influencia a agenda de notícias da emissora. Meu objeto de estudo foi o Jornal Nacional. Foram observadas mais de duas mil reportagens, sobretudo as feitas pelos escritórios da Globo no exterior, além das notas cobertas que abordavam temas internacionais.
Os avanços digitais proporcionaram a expansão do número de correspondentes pelo mundo, no entanto, as reportagens que são veiculadas correspondem ao que é ditado pelas agências internacionais de notícias. E isso pode ser expandido às demais empresas televisivas. O fato de um jornalista estar instalado em algum país não significa que os telespectadores vão receber informações diferenciadas.
Seguindo a idéia do sociológo espanhol Manuel Castells, pude verificar que as comunicações estão realmente em mudança, no entanto, não é a tecnologia, isoladamente, o fator preponderante da nova etapa, que influencia também o jornalismo, mas sim as alterações culturais que o mundo em rede propõe às sociedades.
A televisão está inserida dentro de um contexto de veículo de massa, que, nesta era inicial da revolução tecnológica digital, começa a perder espaço para uma comunicação de muitos para muitos.
Arrisco dizer que, em alguns anos, talvez pouco mais de uma década, o conceito de televisão será outro e a forma de trabalho da Rede Globo não precisará ser modificada, pois estará extinta. Será substituída por um modelo mais democrático para o telespectador que, além de produtor de conteúdo, será também o catalizador de seus desejos, no que diz respeito ao que ele quer receber como informação. A lógica da Internet vai englobar os demais meios. É minha aposta.
2 comentários:
Assistir duas mil reportagens do Jornal Nacional é um baita teste para a saúde mental. Espero que você esteja bem. ;)
Eu sobrevivi rs.
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