terça-feira, maio 01, 2007

Otávio Frias, o amigo dos norte-americanos.

Depois que alguém morre vira sempre uma celebridade e apenas as qualidades são ressaltadas. É claro que um homem como Otáfio Frias de Oliveira tem uma participação importante na construção democrática do Brasil, à frente do Grupo Folha. No entanto, essa glória toda não faz parte da história do empresário nos seus primeiros anos junto ao seleto grupo dos donos da imprensa. Frias de Oliveira faleceu esta semana deixando um importante legado. Mas...


É preciso rever um pouco a história para saber como esses impérios foram construídos. Segundo narra Nelson Werneck Sodré, na página 440 da 4ª edição do seu livro "História da Imprensa no Brasil", Frias teria sido testa-de-ferro de grupos norte-americanos que, logo após o Golpe Militar de 1964, instalaram no Brasil todo seu poderio de imperialismo cultural, que passava pela manipulação de jornais. Sodré diz:



"Em São Paulo, antigo criador de aves e ovos, Otávio Frias de Oliveira, tornava-se, por singular passe de mágica, proprietário da empresa jornalística Folha de S.Paulo, que mantinha três diários dos mais importantes da capital paulista. (..) Tratava-se, evidentemente, de grave ameaça à cultura brasileira, numa fase em que vinha ela atravessando séria crise, por força das condições esterilizadoras criadas pela ditadura."



O que ocorria é que as empresas estrangeiras, por força da lei, não podiam ser donas de grupos midiáticos no Brasil e os norte-americanos, no auge da Guerra Fria e com a necessidade de expandir seus mercados e vender o "american way of life", utilizavam cidadãos brasileiros para que esses estivessem à frente de grupos que, na verdade, eram meros motores da propaganda dos Estados Unidos.


"A César o que é de César", já disse Jesus Cristo.

(Imagem: Allposters)

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