Os "Ciclos de Debates Universitários: A TV na Era Digital", que estão sendo promovidos pela RTP, em parceria com Universidades Portuguesas, foi realizado nesta quinta-feira, na Universidade do Minho. O evento apontou como a emissora estatal portuguesa está se preparando para a era da transmissão digital.
O Engenheiro da RTP, Rui Matos (foto), revelou algumas estratégias da emissora. Segundo ele, as fitas serão extintas e todo a produção será digitalizada e disponibilizada numa rede interna. Esse material será modificado de acordo com o meio para o qual vai ser transmitido. Ou seja, serão criadas novas linguagens específicas de acordo com os meios que os telespectadores utilizarão para assistir à programação. Quem for assistir à RTP em aparelhos de telefonia móvel, por exemplo, terá disponível programas com mais definição e menor duração.
A boa notícia para os acadêmicos é que essa plataforma única com as produções da RTP poderão ser disponibilizadas para acesso nas Universidades. Pelo menos é essa a promessa. A RTP, que é pública, estaria, dessa forma, incentivando a produção científica e a formação de novos profissionais da comunicação.
Já o jornalista José Alberto Lemos (foto), diretor da RTPN - o canal via cabo all news da RTP, destacou que, com as mudanças digitais, a tendência é que os formatos se tornem mais curtos. Lemos lembrou que, apesar de toda a globalização e do comércio de produções de diversos países, há um fenômeno mundial que ocorre no horário nobre das televisões: os telespectadores optam por assistir ficção em sua própria língua. No caso de Portugal, além das novelas nacionais, há uma audiência maciça das novelas da Globo.
Lemos disse que a RTP está disponibilizando parte de suas produções no YouTube. Falou ainda que, apesar do crescimento dos canais a cabo, é na tv gerenalista que as pessoas têm seu foco principal. Afirmou que, em Portugal, entre 75% e 80% das pessoas vêem principalmente os canais abertos.
José Pérez Tornero (foto), professor da Universidade Autônoma de Barcelona e especialista em alfabetização digital, falou que a TV digital é a oportunidade que a sociedade tem de repensar a televisão e produzir programas de maior qualidade. Ressaltou a questão da interatividade. Segundo ele, a partir da nova TV os telespectadores serão ativos, ao contrário da TV atual, que é estática. São dois modelos que já começam a coexistir: as TVs que têm como paradigma a comunicação de massa e as TV interativas, com o novo paradigma digital.
Tornero lembrou que os jovens de hoje estão sempre conectados e disponíveis para o outro. No entanto esse outro é virtual. A conectividade se dá por meio de telefones móveis, computadores, programas como MSN, chats, etc. Isso representa um grande desafio para as televisões que precisam ser muito atraentes para despertarem a atenção dessa nova geração.
Tornero disse que a solução que tem sido encontrada passa pela realização de grandes eventos que transcendem o meio televisivo, como os reality shows e acontecimentos de dimensão mundial, como as Copas do Mundo e Olimpíadas.
O professor referiu-se ainda aos novos meios digitais como uma possibilidade de romper a hegemonia dos Estados Unidos no agendamento de notícias. Narrou casos como as torturas dos prisioneiros iraquianos feitas por soldados norte-americanos, que só vieram à tona a partir da Internet.
Tornero revelou ser pessimista em relação à TV digital terrestre, ou seja, à TV digital aberta e gratuita, que está em fase de implementação. Para ele, os canais à cabo, via Internet e via satélite podem oferecer mais possibilidades e os governos deveriam pensar nesses meios de transmissão para promover a cidadania. Na verdade ele tem uma visão muito otimista da nova televisão e mostra acreditar que a programação poderá se voltar mais para a cidadania e educação.
O próximo ciclo de debates sobre a TV na era digital acontece no dia 17 de maio, na Universidade do Algarve.
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