quinta-feira, janeiro 26, 2006

O JORNALISMO E AS ELEIÇÕES EM PORTUGAL

Intrigante a mídia portuguesa. Desde o início do processo eleitoral grande parte dos veículos do país deu um destaque maior ao então candidato Cavaco Silva (foto), muitas vezes colocando-o como o virtual vencedor. Depois do pleito o foco passou a ser o magnífico (!?) desempenho de Manuel Alegre, que ficou em segundo lugar com 20,7% dos votos, desbancando Mário Soares (14,3%). No Jornal de Notícias de hoje Artur costa escreve: "Deixando de lado (porque não é esse lado da questão que me interessa agora) a vitória de Cavaco, não pode deixar de impressionar a extraordinária vitória de Alegre nas eleições presidenciais de domingo passado."
Cabe lembrar que Cavaco Silva conseguiu se eleger no primeiro turno (ou primeira volta, como se diz aqui) por menos de um ponto percentual. Ele obteve 50,59% dos votos. Caso houvesse segundo turno o resultado seria imprevisível. Será que o otimismo da mídia em relação ao candidato não ajudou em sua vitória? Essa coisa do achismo nas redações não é nada saudável.

4 comentários:

Anônimo disse...

E aí bro, fez boa viagem?
Falando em eleições lusitanas, dá uma olhada nisso: http://presidentehonesto.blogspot.com/
Chegou a ver algo nas ruas? Comentários?
Enfim, iniciativa bem lesgal.
Abração!!!

Sergio Denicoli disse...

A viagem sempre é cansativa, mas nada como voltar a Portugal. A cada dia me surpreendo com a beleza daqui. Nem mesmo o frio me desanimou. Gostei do site do candidato honesto. Criativo e interessante, mas acho que não teve repercussão no País. Infelizmente... Se é que me entende!

Anônimo disse...

http://presidentehonesto.blogspot.com/ foi até noticia num dos telejornais nacionais em que as pessoas foram convidados a dar a sua opinião e até os autores do blog falaram...e sim, infelizmente, não teve repercussão! :(
Portugal revelou ser um país de memória curta!
Também gostaria de sublinhar a palhaçada mediática que ocorreu na noite eleitoral: quando o segundo candidato mais votado fazia a sua declaração, todos os canais interromperam o seu discurso para dar voz ao secretário -geral do PS, cujo candidato já havia feito a declaração de derrota.
Como é que isto foi possível? Já não bastava o mau gosto de Sócrates ter interrompido Alegre,como as tvs ainda lhe deram destaque. Foi neste momento que em minha casa, apesar de ninguém ter votado Alegre ou Cavaco, as televisões foram desligadas .
No dia seguinte, foi com alguma estupefacção que ouvi as justificações da SIC. Ricardo Costa, editor de política, criticou Sócrates e os seu assessores devido à sua incompetência e desculpou o canal que representa com um mero "não estávamos à espera"...afinal a incompetência também os atingiu. No mesmo Jornal da Noite, pivô salientou que a SIC foi o único canal que, logo em seguida, transmitiu a declaração de Alegre...como se isso fosse uma grande coisa! Devia ter transmitido, sim, mais tarde, o discurso de Sócrates que não era candidato, falava enquanto secretário -geral do partido, cujo candidato já havia falado!
E no meio disto tudo lembrei-me de uma frase que o meu pai sempre refere "À mulher de César não basta ser séria, tem que parecer séria!"

Sergio Denicoli disse...

Sobre o assunto vale a pena ler o artigo de João de Almeida Santos, publicado no Diário Econômico. Ele faz uma análise do papel da mídia e das pesquisas na eleição de Cavaco Silva. Está no endereço:

http://www.diarioeconomico.com/
edicion/diario_economico/opinion/
columnistas/joao_de_almeida_santos/
pt/desarrollo/612871.html