Estou de volta a Portugal, após um mês em férias no Brasil. Durante a viagem tive muito contato com jornalistas que são também professores em faculdades e universidades particulares. Pude constatar, em conversa que tive com os colegas, que o ensino de jornalismo no Brasil está contaminado pela visão de lucro.
Algumas faculdades brasileiras não possuem sequer uma biblioteca com obras básicas para o ensino do jornalismo e, mesmo que tivessem, parece que o desinteresse dos estudantes desanima até mesmo o mais dedicado professor.
Já a direção dessas instituições está muito mais preocupada em fechar as contas no fim do mês e controlar a inadimplência do que em investir na qualidade do ensino.
Alguns quadros têm sido reduzidos drasticamente e muitos profissionais preparados estão sendo demitidos. O que resta disso tudo é um ensino medíocre que contribui ainda mais para o empobrecimento dos noticiários, que estão repletos de erros de apuração, erros históricos, além dos erros ortogáficos e de concordância.
É claro que há exceções entre as faculdades particulares e não quero ser injusto nesta análise colocando no mesmo saco gente séria e gente que brinca de ensinar. Mas, num contexto geral, o que pude perceber é que algumas instituições fazem do diploma um consórcio, ou seja, o aluno paga a mensalidade em dia durante os anos de estudo e em troca recebe o título de jornalista.